A tecnologia nunca esteve tão presente na vida das crianças. E o uso de eletrônicos pode trazer vantagens ou problemas, dependendo da intensidade e da intenção. Por isso, para tirar o melhor dos aparelhos e evitar transtornos de comportamento, é preciso que os pais controlem, a partir da idade, o tempo de uso e o conteúdo acessado pelos filhos.
Segundo o neurologista infantil Thiago Gusmão, o uso de mídias em geral e internet deve incluir a criança em atividades escolares e trazer ganho de conhecimento. “Utilizar os eletrônicos apenas para brincar, jogar videogame ou jogos violentos não é indicado e pode gerar transtornos de comportamento sérios, com prejuízo até no rendimento da escola”, diz.
O médico destaca que essa oferta de tecnologia traz muitos estímulos visuais e auditivos, o que é benéfico. “A gente vê hoje uma velocidade de pensamento maior nas crianças.”
O perigo é quando ela não desgruda desses aparelhos, faz as refeições e vai dormir sem deixá-los de lado. “A criança pode ficar ansiosa, agressiva, nervosa, muito agitada e, consequentemente, ter distúrbio de sono e déficit de atenção”, diz o neurologista.
E pode piorar, quando os pais tentam tirar o aparelho dos filhos. “A agitação acontece na retirada, quando a criança já está viciada em tecnologia.”
Gusmão afirma que, com o vício, a criança fica mais envolvida com a internet do que com o contexto social e a escola. “O vício é quando ela fica mais de 4 ou 5 horas por dia conectada e já se iguala ao período do colégio. A criança perde a noção de qual é o principal foco da vida dela.”
De acordo com o neurologista, neste período, é essencial um acompanhamento multiprofissional, com o apoio de terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, além de uma orientação médica para evitar prejuízos relacionados à vida escolar e social.
Sono
Conectada muitas horas ao dia, a criança pode acabar dormindo mal. A médica do sono Jéssica Polese afirma que o uso de eletrônicos deve ser evitado, em especial à noite e durante os horários de estudo ou encontro com a família.
“Hoje, vemos crianças pequenas já com acesso a celulares e tablets para não perturbarem em restaurantes ou para ficarem quietas em casa. A consequência são crianças que estão perdendo o sono muito novas, com 5 anos de idade”, destaca a médica.
Como ela dorme mal, chega à escola cansada e não consegue se concentrar. “Fica mais agitada e ansiosa, o que vai gerar consequências mais para a frente”, avalia Jéssica.
A dica da médica é criar um horário para o uso dos tablets e celulares, como após o cumprimento das atividades.
Dicas
Para ajudar as crianças, os adultos podem criar uma rotina de ir para a cama no mesmo horário e com as mesmas ações. A leitura de um livro também ajuda a relaxar.
Televisores, celulares e tablets devem ser desligados ao menos duas horas antes de a criança ir dormir. E o ambiente do quarto deve ser silencioso, escuro e com temperatura adequada. “Muitas crianças não conseguem dormir com as luzes totalmente apagadas. Nesses casos, abajures podem resolver o problema”, sugere Jéssica.
Além de ter horário para ir deitar, é importante fixar a hora de acordar. “Quando os pais permitem que os filhos acordem mais tarde com certa frequência, podem dificultar o processo de ir para a cama à noite, criando um círculo vicioso.”
Fique atento
2 anos
Antes desta idade, a Associação Americana de Pediatria não indica o uso de tablet e celular.
45 minutos
É o tempo máximo que a mesma associação orienta de uso diário de eletrônicos dos 3 aos 6 anos de idade, e com supervisão.
1 hora
Dos 6 aos 9 anos de idade, é o tempo máximo de exposição à tecnologia por dia.
10 anos
Desta idade aos 12 anos, o tempo de exposição pode ser de 1 a 2 duas horas por dia.
13 anos
Acima desta idade, pode usar eletrônicos por até 3 horas por dia, mas com supervisão.
Limites
Se o aparelho for grande, os pais podem desligá-lo da tomada para controlar o uso. No caso dos eletrônicos pequenos, devem ser retirados do filho e guardados.
Deixe em casa
Outra sugestão é evitar esses aparelhos em encontros familiares, por dificultarem a interação. É comum os pais levarem eletrônicos para restaurantes, para as crianças ficarem quietas. Isso é extremamente prejudicial, pois vão se tornar adultos intolerantes, que precisam de distração o tempo todo.
Fonte: Gazeta Online
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