Muita gente, diante do doutor, fica meio travada, não consegue abrir a boca. E sai do consultório com um monte de dúvidas sobre o problema de saúde. Por isso, aqui vai um roteiro para ajudar quem quer tirar o máximo de proveito da consulta médica.
Para começar, antes de ir ao especialista, é bom anotar tudo o que se quer perguntar. “Quanto mais participativo o paciente for trazendo suas dúvidas e questionamentos, melhor para nós sabermos o quão interessado ele está com relação a sua saúde”, diz a geriatra Gabriela Bortolon.
Outra atitude importante é levar exames anteriores, que podem ajudar o profissional a entender o quadro geral do paciente e fechar um diagnóstico. “É importante levar todos os exames recentes e até mesmo os antigos, anotar e levar todas as medicações de uso contínuo e até mesmo as de uso ocasional, como analgésicos e vitaminas”, cita a médica.
Perguntas
A consulta é o momento para fazer perguntas e, sobretudo, para responder tudo o que o médico quiser saber, mesmo que ele aborde questões do seu passado e fatos íntimos.
“Nenhuma pergunta que o médico faz é por curiosidade ou para julgar o paciente. Ele não está perguntando algo por acaso. É para criar seu raciocínio clínico”, destaca o mastologista e ginecologista Cleverson Gomes do Carmo.
Nesse caso, segundo ele, cabe ao paciente ser o mais sincero possível. “Na minha área, por exemplo, se a paciente chega com uma lesão que indica uma doença sexualmente transmissível, terei que perguntar sobre o casamento, sobre algum relacionamento extraconjugal. É uma questão íntima, mas tenho que saber para checar todas as possibilidades”, afirma.
Para o clínico-geral e geriatra Heitor Spagnol, todo paciente deveria ver o médico como um amigo, e não só como um profissional sentado do outro lado da mesa. “Para isso, cabe ao médico mostrar que está ali para ajudá-lo, para que ele confie e se sinta à vontade para contar tudo, para que se sinta parte da consulta e comece a falar de verdade o que tem”, diz.
Dúvidas
Diante de um paciente que entra mudo e sai calado, cabe ao médico, muitas vezes, se certificar de que ele vai sair da consulta sem dúvidas. “Se a gente não toma cuidado, ele sai sem entender o que foi orientado, toma o medicamento de forma errada, e o tratamento não sai como programado”, pontua o geriatra.
A receita diz, por exemplo, que o remédio tem que ser tomado uma vez ao dia. Mas é para tomar em jejum? Ou junto com a comida? “Há medicações que peço para o paciente tomar no consultório, na minha frente, para ver se ele vai usar corretamente”, cita Heitor Spagnol.
Cara a cara
A tecnologia veio para ajudar nessa relação médico-paciente. Muitas vezes, uma dúvida ou outra podem ser sanadas por uma simples mensagem de celular. Mas quase sempre o cara a cara é fundamental. “Consulta à distância não é prudente. Já tive um caso de uma paciente que relatou algo por mensagem, mas na consulta vi que o problema era totalmente diferente do que ela havia descrito”, conta o ginecologista.
A empresária Cibelly Camena, 37 anos, tem receitas médicas e exames antigos guardados em uma pasta. “Detesto procurar algo e não saber onde está. Por isso, tenho uma ‘pastinha da saúde’, onde guardo exames antigos e receitas médicas. Assim é mais fácil”, conta ela, que também organizou a pastinha do bebê, o Baruch, de 10 meses.
Ela conta ainda com a ajuda de um aplicativo para anotar o que é importante, até sintomas de doenças. “Recentemente, meu filho estava mais choroso. Deixei anotado para não esquecer de comentar com a pediatra na consulta, dias depois”, recorda.
Antes da consulta
- Anote duas ou três questões mais importantes que você tem sobre o seu problema;
- Leve nome e contato de outros profissionais de saúde que acompanham você;
- Anote ou leve consigo todos os medicamentos em uso (vitaminas, suplementos, colírios...);
- Peça a um familiar ou amigo para ir com você, se achar que isto pode ajudar;
- Leve os seus exames anteriores;
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Durante a consulta
- Comece pelos sintomas: como eles são, quando e como começaram, como progrediram, o que faz você sentir-se melhor ou pior, etc;
- Relate o que você já fez para melhorar, com que resultado, o que piorou, etc;
- Fale sobre seus hábitos de vida: atividade física, alimentação, sono;
- Fale sobre suas preocupações;
- Não tenha medo e nem vergonha de perguntar e tirar dúvidas se você não compreender o que é perguntado;
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Se o médico lhe pedir alguns exames, veja com ele:
- Pergunte para que servem esses exames;
- Caso já tenha feito algum exame da lista solicitada, pergunte se é necessário refazê-los ou se os exames podem ser aproveitados;
- Veja quais são os benefícios, as contraindicações e as complicações;
- Saiba como e quando você poderá ter acesso aos resultados;
- Questione sobre os custos envolvidos;
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No caso de uma nova medicação
- Pergunte, por exemplo: é para tomar junto com a comida, antes, durante ou depois? Se for antes ou depois, qual é o intervalo de tempo? Há alimentos ou medicamentos a serem evitados?
- Veja quais são os efeitos colaterais esperados. E o que fazer se apresentar esses sintomas;
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Quando o médico der o diagnóstico e indicar o tratamento, pergunte:
- Qual a duração do tratamento?
- Existem riscos ou complicações envolvidos? Quais?
- Esse exame/procedimento é realmente necessário?
- Como saber se o tratamento está funcionando?
- O que acontecerá se você não quiser realizar o tratamento?
- Há algum hábito, tipo de alimentação ou medicação que deva evitar durante o tratamento?
- O que devo observar durante o tratamento? Como ele vai afetar sua rotina?
- O que não estará coberto pelo plano de saúde?
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Depois da consulta
- Veja se você precisará retornar para uma nova consulta;
- Quem deverá procurar se não melhorar?
- Veja onde você poderá conseguir mais informações sobre o seu problema de saúde;
- Pergunte se existe algum grupo de apoio ou associação de pacientes relacionados ao seu problema de saúde;
- Anote o que for mais importante ao final da conversa. Assim, se você esquecer, pode consultar sua anotação depois.
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Fonte: Projeto Sua Saúde - Agência Nacional de Saúde (ANS) / Gazeta Online
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